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APRENDA SÔBRE :

PARANÓIA PRIORIDADE DA DROGA SÔBRE A FOME.

PARANÓIA PRIORIDADE DA DROGA SÔBRE A FOME.

Para o cúmulo da hipocrisia, os países ocidentais, designaram a droga como o flagelo número um em países onde os problemas principais são na verdade a fome, a desnutrição crônica e a pobreza.

"É contra a miséria e a fome que temos que declarar a guerra", afirma o Pastor Claude Olievenstein numa entrevista, "fazemos tudo errado quando procuramos primeiramente substituir as colheitas ilícitas dos países subdesenvolvidos por outras colheitas. Essas são muito menos rendosas, apresentam problemas de comercialização etc. É a espiral da pobreza sem fim. Essa solução é demente e demagógica! Os órgãos internacionais", continua, " colocam à disposição de governos, muitas vezes corruptos, recursos para o combate à droga bem mais importantes do que aqueles que são usados contra a fome e o analfabetismo."

Países produtores, países consumidores, uma distinção falsa... mas operacional

Reservando o rótulo de "produtores" apenas aos países do sul, os países ricos "consumidores" justificam uma guerra ao narcotráfico como pretexto para aumentar o controle polivalente sobre esses países desfavorecidos por um comércio internacional injusto. Essa distinção "produtores / consumidores" é falsa por vários motivos.

Em primeiro lugar, ela repousa sobre uma classificação arbitrária das drogas que torna lícitas as que vêm do Norte (álcool, fumo, medicamentos) e ilícitas as do Sul (coca, ópio, maconha..., muitas das quais desempenham um papel socioeconômico e religioso comparável ao do vinho no Ocidente). "A folha de coca é usada diariamente nos países andinos (nascimento, colheitas, medicina natural, infusões), onde suas qualidades nutritivas a tornam um complemento indispensável da alimentação muitas vezes insuficiente", afirma Frères des Hommes. Isso não impediu as autoridades espanholas de confiscar oito quilos de folhas de coca destinadas ao Pavilhão Boliviano da Exposição Internacional de Sevilha... Imaginemos o que aconteceria se, de maneira semelhante, a França fosse proibida de exportar não apenas seus vinhos, mas até a sua uva e fosse obrigada a arrancar os seus vinhedos!

Em segundo lugar, essa distinção "produtores / consumidores" é contestada pela evolução da produção de drogas ilícitas nos países ocidentais: os Estados Unidos, apesar de seu papel de líder no combate às drogas, produzem 12% da maconha mundial. A "guerra às drogas" vai se tornar uma guerra civil? Não é essa a finalidade.

Em terceiro lugar, é preciso saber que os países industrializados produzem e exportam não apenas álcool, fumo e medicamentos, cujos efeitos são muitas vezes devastadores sobre as populações do Terceiro Mundo, mas também produtos químicos necessários à fabricação das drogas (éter,acetona...). Alguns gigantes da indústria química (principalmente dos EUA e da Alemanha) alimentam, cientes do que acontece — por meio de intermediários — a produção de heroína ou de cocaína, que não poderia funcionar sem esses produtos de base.

E, enquanto as campanha anti-fumo estão no auge nos países ricos, as sete multinacionais que dominam o mercado do cigarro se voltam com eficiência para os países do Terceiro Mundo, onde o consumo aumenta vertiginosamente. Fumo de má qualidade — subvencionado por Bruxelas — taxas de nicotina e alcatrão elevadas. O Terceiro Mundo têm o direito a um tratamento especial!

O álcool e o fumo, aos quais a sociedade paga
um pesado tributo anual de doenças graves e mortes,
deveriam ser enquadrados numa política real
de prevenção da toxicomania.
Eles se beneficiam atualmente de leis amenas.

Finalmente, a distinção "produtores / consumidores" é falsa, infelizmente, porque hoje em dia é nos países do Terceiro Mundo que encontramos o maior número de consumidores de drogas. É inevitável que a produção tenha conseqüências locais. Os jovens, empregados na produção de drogas, são, às vezes, pagos com produtos ilícitos nocivos fabricados no local e os traficantes também desenvolvem o comércio local para se protegerem contra as variações do comércio internacional.

No Paquistão, onde as drogas clássicas eram desconhecidas até o final da década de 80, existem atualmente milhares de jovens viciados em heroína. Também na Tailândia e na Malásia milhares de pessoas estão afetadas, para citar apenas alguns casos. È preciso acrescentar a isso a propagação do alcoolismo — vários povos foram destruídos por essa droga importada que não fazia parte de sua cultura — assim como o uso de colas e solventes pelas crianças dos grandes centros urbanos, com danos irreparáveis no sistema nervoso central.

Por todas essas razões, "a guerra contra as drogas" está longe de ser uma nobre cruzada do bem contra o mal, como a propaganda política quer fazer crer. O Ocidente combate um mal que ele provoca de um lado e alimenta do outro, satisfazendo tanto os interesses políticos como os econômicos. A guerra contra as drogas é uma guerra protecionista e discriminatória, que usa pretensas motivações sanitárias e sociais como disfarce. Os verdadeiros perdedores dessa falsa guerra são os excluídos, os desfavorecidos, todos os elos fracos da cadeia social que continuam a deslizar pela ladeira da toxicomania, porque o verdadeiro combate contra a droga ocorre em outro lugar. " Nós lutamos por valores humanos e morais", clamam para se justificar os narco-exterminadores. Sempre lutamos por aquilo que mais nos falta...
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Fonte: "Le Lien", novembro 1992, Andouillé. França